Nhanderu é mais do que um nome ancestral — é o sopro sagrado que percorre as folhas, o murmúrio que dança entre os galhos e o silêncio profundo que habita as águas cristalinas. Para muitos povos originários das terras brasileiras, especialmente os Guarani, Nhanderu é o Grande Espírito Criador, aquele que dá forma à vida, à mata e aos mistérios do mundo natural.
Na visão cosmológica guarani, Nhanderu não apenas criou o mundo, mas segue habitando cada recanto da natureza. Está na brisa que acaricia os campos, na luz que penetra entre as árvores, na névoa suave das manhãs e na energia sutil que emana dos rios.
Nhanderu ensina que tudo está conectado: o visível e o invisível, o humano e o sagrado. Viver segundo seus ensinamentos é cultivar a escuta, a humildade e a reverência à Terra.
Diante das urgências do presente — do desmatamento, da crise climática, da perda de biodiversidade — o chamado de Nhanderu ressoa com ainda mais força.
Sua sabedoria ancestral nos convida a recordar que somos parte da natureza, não seus donos. A espiritualidade da floresta não é apenas um mito antigo, mas uma rota de cura para um mundo adoecido.